segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Jacinto




Lá vai ele;
foi batizado Jacinto,nome forte de trabalhador.
Nordestino,pés descalços,boca seca.
Caminha a esmo sem esperança,olha para o céu ,sol escaldante e azul como sempre.Tão inatingível e alheio à sua dor.Há tempos não cai a chuva pra regar a terra árida sob seus pés,carcaças de animais estão por toda parte,um cheiro fétido de enxofre invade as narinas de quem ousa passar por ali.

Vida triste;triste vida! ___reclama Jacinto.

___Bom dia senhor. ___lança-lhe um olhar esperançoso o Seu Manoel,do armazém.
___Bom dia.
___Hoje não;mas amanhã te  garanto que chove Jacinto!
Jacinto balança a cabeça em sinal de descrença mas não quer ofuscar a esperança que o outro homem mantêm no semblante.
 Só murmura:
___Será Manoel;já são cinco anos nesta agonia?

Seu Manoel confirma:
___Difícil "faiá" a meteorologia Jacinto,eles disseram lá na televisão que amanhã a chuva cai "pa nóis".

O dialeto errado e simples do velho senhor podia irritar a ortografia ,mas não ele ;que já se acostumara a conversa destoadamente nordestina daquele povo por ora sem oportunidade de estudos; porém guerreiro. Quando criança Jacinto passou uns anos na cidade grande acompanhado da mãe que trabalhava para uma família de posses. Nesta oportunidade ele havia aproveitado para estudar e a proximidade com os livros o levara à gostar de conjugar corretamente as palavras;mas não era novidade conviver com pessoas que nunca tinham pegado em um lápis ou sequer visto um. Em seus ombros afundados por marcas dos cabos roliços de enxadas e foices que carregavam durante anos sempre prontos a cavar à procura de um espaço úmido para fecundar suas sementes.
Era triste aquele caminhar desnorteado em meio a uma imensidão empoeirada seca e mal cheirosa;não havia como fugir de um destino traçado.

___Quem nasce nordestino morre nordestino ,não importa o lugar que vá.___o pensamento verdadeiro que se pai teimava sempre em repetir.Não adiantaria fugir levando aquela lembrança de um povo sofrido jogados à sua própria sorte.

Se despediu do velho homem e avançou por aquela vastidão amarela e ressequida enfeitada por crânios de animais e árvores desnudas onde  vez ou outra ainda podia se ver em meios aos seus galhos um pássaro sedento a entoar um canto rouco e sofrido. As vezes questionava se Deus não havia sido injusto com aquele pedaço do Brasil. A realidade era desconfortável como mostrava a mídia,triste realidade!
Em casa ,Jacinto banhou-se e depois de alimentar só lhe restava descansar para o batente do dia seguinte.

Acordou as sete.

Ao ar livre, olhou para o céu completamente azul,sem nuvens e um brilho intenso indicava que o sol iria se manter quente durante aquele dia.
A meteorologia mais uma vez havia falhado.

*Dani Cristina
Sucesso com as palavras;
Até,
Um Abraço!!!

4 comentários:

★MaRiBeL★ disse...

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Vine a visitar tu blog... y a dejarte una sonrisa.

B E S O S
K I S S
P E T O N E T S

Ana Bailune disse...

Bonita história!
Às vezes, a previsão falha...
Boas Festas e um Feliz Ano Novo!

PAULO TAMBURRO. disse...

DANI,

Um feliz tudo para você.

Saúde, paz e amor !!!

Sinceramente.

Um abração carioca.

Isabel Meira disse...

Muito bacana o seu conto!!! Parabéns!!
Bjs